quinta-feira, 1 de julho de 2010


Porto Elizabeth está preparada, suas convidativas praias já acolhem os torcedores, o palco está pronto e o cotejo definido: Holanda e Brasil. O duelo vale vaga nas semi-finais, e em campo duas seleções que se reinventaram. O futebol arte e ofensivo deu lugar a frieza do resultado.

Os neerlandeses carregam as cicatrizes de gerações que encantavam mas não foram campeãs, e dessa mágoa forjam sua nova filosofia: vencer é o que interessa, com ou sem espetáculo (cá entre nós, mais comumente sem).

A mecânica dessa nova laranja está no funcionamento de cada engrenagem, um carossel coletivo que marca forte a saída de bola, sufoca o adversário induzindo-o ao erro e contra-ataca nos lançamentos de Sneijder para as arracandas de Robben.


O canhotinho da ponta direita está voltando de lesão, mas já deu mostras à Eslováquia que continua mortal; corta para dentro e solta a bomba de perna esquerda, jogada manjadíssima, mais ainda sim de tarefa ingrata para qualquer zagueiro evitá-la.

A defesa é segura, o meio-campo tem muita qualidade no toque, é uma seleção madura, uma equipe equilibrada que sabe o que quer, sem muito brilho mas com muita eficiência.

São detentores da maior invencibilidade vigente: 23 jogos (18 vitórias e 5 empates).


Na arquibancada a sombra de Johan Cruyff, no banco de reservas a figura de Frank de Boer (auxiliar técnico), em campo, onze jogadores, que anseiam conseguir o que seus ídolos não conseguiram em 1974, 1978, 1990, 1994 e 1998.


Brasil e Holanda já se enfrentaram três vezes em Copas do Mundo: 1974, 1994 e 1998. A Laranja saiu vitoriosa em 1974, e os Canarinhos deram o troco em 94 e 98.

Quem era o capitão brasileiro nas duas vitórias?? Dunga.

*O agora treinador da seleção brasileira terá a Holanda pela terceira vez em seu caminho. Um Brasil parecido com essa Holanda, que abriu mão do show em prol do resultado. Dunga não quer repetir 2006, e para isso, traz muito da seleção de 94 para a atual.

Criticado por esse processo de ''europerização'' da seleção, Dunga paga agora por suas escolhas, com a lesão de Elano e Júlio Baptista, a dúvida de Felipe Melo e a suspensão de Ramires, o meio-campo não tem muitas opções. Justamente o setor que recebeu mais críticas na convocação, pela ausência de peças de reposição.

O Brasil que vem alternando momentos de bom futebol (contra Chile e Costa do Marfim) com partidas pragmáticas, sonolentas e com dificuldade para transpor retrancas. Contra o Chile, um meio-campo mais leve e fluente, com bom volume de jogo e velocidade, principalmente nos contra-ataques. Escalação que não poderá se repetir contra a Holanda.

*Conseguirá o Brasil manter o nível do futebol apresentando nas oitavas?

O meio-campo provável é Gilberto Silva, Felipe Melo (Josué), Daniel Alves e Kaká.

O grande trunfo dessa equipe é uma defesa quase inexpugnável, que conta com atuações impecáveis da melhor dupla de zagueiros desse Mundial: Lúcio e Juan.


Nas laterais os antagônicos Maicon e Michel Bastos, o primeiro, polivante, defende e ataca com a mesma eficácia, o melhor lateral do Mundo; o segundo é o ponto fraco dessa seleção, Michel ainda não se encontrou, não sabe dosar suas idas ao ataque.

Bem verdade que o lateral esquerdo evoluiu nos últimos jogos, e mais verdade ainda que não recebe o apoio de nenhum meio-campista, joga por ali sozinho, ao contrário de Maicon, que conta com Daniel Alves.

E é justamente por ali, pela lateral esquerda verde-amarela, que vai atuar o perigoso Robben.

Mais perigoso que o ponta do Bayern é o trio ofensivo brasileiro. Kaká (que evolui a cada partida), Robinho e Luís Fabiano nunca perderam uma partida juntos, são 15 vitórias e apenas um empate, quando estão inspirados, suas tabelas e contra-ataques são fatais.

As arrancadas de Kaká, a irreverência de Robinho e o faro de gols de Luís Fabiano, é com essas armas que o Brasil tem tudo para espremer a polpa dessa laranja, e beber do doce suco da vitória.

PS: Texto escrito por Daniel, Moderador Let.

1 comentários:

cesar_spe disse...

Tomar cuidado com a aparência "adocicada" dessa laranja, vai que ela é azeda? rsrs

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